No caso de um rio, deve-se tomar muito cuidado com a área de entrada e a área de saída, tendo certeza que a última está livre e que o seu veículo tem condições de sair da água. Fique atento à corrente; se for forte, dê a volta e não entre, pois o resultado pode ser catastrófico. Lembre-se que na saída, com os pneus molhados, fica dificílimo subir um barranco. Então, retire pedras ou troncos grandes que possam atrapalhar.
Água barrenta e escura é sinal de lodo submerso; água clara e transparente geralmente indicam pedras com limo no fundo. Certifique-se que seu 4x4 será capaz de transpor todos estes obstáculos, sob pena de ficar atascado no rio. A grande maioria dos 4x4 suporta até 50 centímetros de profundidade de água. Verifique no manual do proprietário a profundidade máxima de seu veículo.
Os 50 centímetros são medidos do ponto de contacto entre o pneu e o solo até o nível da água, portanto, se o fundo for mole, o nível da água subirá. Parte da transmissão e os cubos de roda ficarão submersos, podendo causar contaminação dos óleos em geral problemas sérios de corrosão e até mesmo a perda dos rolamentos de roda e partes da transmissão. Sem contar a poluição que o veículo causará nas águas.
O sistema eléctrico, principalmente se o motor a gasolina, deve ser vedado. Para isso use silicone não condutivo, luvas de borracha e outros materiais que possam vedar o sistema. Jipes a diesel são mais apropriados para enfrentar água, pois não dependem de parte eléctrica (bobina, distribuidor, etc.) para funcionar.
O alternador e o motor de arranque sofrerão as consequências do passeio na água, mas nunca no momento da saída. Geralmente os problemas ocorrem no dia seguinte, pedindo remoção e limpeza cuidadosa destas peças.
Preparar um veículo para profundidade maiores que as recomendadas no manual requer cuidados especiais e, mesmo os mais preparados podem sofrer problemas na parte eléctrica e contaminações na transmissão. É recomendado realizar, nestas ocasiões, uma revisão nas partes que podem ser afectadas pela água, principalmente nos rolamentos dos cubos de rodas (limpeza e lubrificação) e óleos da transmissão (verificação e troca se necessário).
O principal é ter um snorkell (entrada de ar elevada), porque ele permite a entrada na água a profundidades maiores que as recomendadas pela fábrica e também economiza o filtro de ar, pois capta o ar mais fresco e limpo. Teste o equipamento antes de entrar na água, pois pode ocorrer entrada falsa de ar. Os respiros existentes (diferenciais, caixa, tanque de combustível e embriaguem) devem ser elevados até o máximo possível, mas não se recomenda conectar os respiros com o snorkell, pois isso pode criar mais um ponto de entrada de ar falso.
O tubo de escape é o que menos gera preocupação. Se o trajecto for longo, providencie uma mangueira de borracha, com, mais ou menos 2 metros de comprimento e com o diâmetro que permita seu encaixe na saída do tubo de escape. A outra ponta poderá ser fixada no tecto, na calha ou na bagageira, garantindo a saída dos gases do escape para cima do nível da água. Isso garante que a água não entrará no motor, caso o mesmo pare no meio do trajecto. Se a mangueira não estiver instalada e o motor parar, tampe o mais rápido possível a saída do escape com a mão ou um pano. Nunca deixe a água entrar pela saída do tubo de escape e evite deixar o motor morrer durante uma travessia.
Após verificar todos os detalhes, é hora de enfrentar o obstáculo. Normalmente o veículo terá de enfrentar uma descida inicial, sempre escorregadia. Engate a primeira e não trave; se tiver ar condicionado, ligue, pois ajuda a reduzir a velocidade. Nesse momento, já dentro de água, o segredo está em manter uma velocidade constante que irá criar uma pequena onda na frente do jipe, gerando uma espécie de vácuo no compartimento do motor, onde estará mais baixo, evitando seu contacto com a água. Para saber se a velocidade está correcta, coloque a cabeça para fora, certificando-se de que o nível na parte da frente do pneu dianteiro está maior que na parte de trás. Se sentir que a traseira do veículo está levantando, a velocidade está baixa demais - a onda está atropelando o veículo. Acelere um pouco utilizando mudanças curtas (primeira ou segunda) permitindo uma velocidade baixa e uma rotação do motor, facilitando a exaustão dos gases.
Se a água estiver subindo pelo capô, significa que a velocidade está alta demais, diminua um pouco. Evite trocar de mudanças durante a travessia. Se a marcha escolhida para a entrada estiver errada, termine o trecho mesmo assim, controlando a velocidade somente no acelerador. Trocar de marcha no alagado significa separar o disco de embriaguem da placa de pressão e do volante, facilitando a entrada de água e de sujeira – se a embriaguem do seu veículo não for blindada.
Se o trecho alagado tiver corrente, pode ser preciso abrir as portas do jipe para diminuir o arraste, fazendo com que ele fique pesado e não bóie. É fundamental manter as rodas em contacto com o piso, sob risco de perder aderência e o controle do veículo. Não se aventure em mergulhos sem estar devidamente preparado.
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